Na Drave, cultivava-se milho, feijão, centeio, batata, hortícolas, videiras e ferras para os animais. Maior parte da produção, particularmente nos últimos tempos em que a aldeia esteve habitada, destinava-se ao auto-consumo familiar pois o isolamento dificultava o escoamento dos produtos para as feiras: “já não dá para a sola dos sapatos e também já estamos velhos, não podemos” dizia o Sr. Joaquim, o último habitante da aldeia.
O centeio e o milho destinavam-se ao fabrico do pão; o folhedo e a palha do centeio servias para a alimentação e cama das vacas. O feijão, batata, hortícolas e os vinhos eram consumidos em casa. O leite era para os vitelos e as forragens para os animais.
Na Drave praticava-se pois policultura para consumo familiar. Porém o cultivável em maior escala era o milho e o centeio. O cultivo do milho passava por várias fases: a sementeira iniciava-se em abril e fazia-se a lanço. Faziam-se depois as sachas e as arrendas que consistiam em juntar terra aos pés do milho ao mesmo tempo que se iam eliminando as ervas daninhas. Eram trabalhos duros que exigiam muita mão de obra. Seguiam-se as mondas, arrancavam-se as plantas impeditivas do crescimento devidamente espaçado do milho. Quando o milho se encontrava quase na sua plenitude, cortava-se-lhe a bandeira que seria dada em verde às vacas ou posta a secar para lhes dar no inverno. Em setembro, quando o milho estava maduro, cortavam-se as espigas que eram transportadas em carros de bois para serem guardadas nos palheiros e, mais tarde, serem feitas as desfolhadas. As espigas desfolhadas eram postas a secar na eira e depois iam para os espigueiros de onde só eram tiradas conforme as necessidades de consumo.
O folhedo era guardado nos palheiros para depois dar aos animais. As canas eram cortadas à foicinha e transportadas à cabeça até aos palheiros onde se guardavam para mais tarde utilizar na cama e na alimentação dos animais durante o rigoroso inverno. A debulha era feita à mão: espalhava-se o milho na eira e batia-se-lhe como mangual, um pau comprido com uma tira de madeira na ponta denominada pitolo. O milho era moído no moinho da família quando o rio tinha água. Durante o verão, quando rio secava, era necessário moer o milho em aldeia vizinha. O carolo e os casulos serviam para queimar na lareira. O feijão, que era semeada junto do milho, era colhido à medida que ia amadurecendo.
O centeio adaptou-se bem às terras xistosas da Drave. Era, também ele, semeado a lanço, ceifado à foicinha, atado em molhos, seco em medas e debulhado à mão. Destinava-se a misturar ao milho, no fabrico da broa e à sementeira de ferra. A palha era arrumada nos currais para alimento dos animais.
Em setembro / outubro semeava-se a ferra. Era semeada a lanço nos regos do milho. Durante todo o inverno, a maior parte dos campos eram ocupados com as forragens para os animais. A vinha era também muito importante; havia mesmo quem afirmasse que o cartão de visita da Drave é o seu vinho. As vinhas encontravam-se colocadas em ramada, mas também as havia trepando as árvores. As videiras tintas são bem mais numerosas que as congéneres brancas, por tal só se fazia o dito vinho “americano”. As vindimas faziam-se em finais de setembro /outubro. Era difícil e perigoso o corte dos cachos das uvas por estes se encontrarem nos lugares mais impensáveis: trepando pelas árvores, por cima do rio, etc. Depois de apanhadas, as uvas eram colocadas no lagar e pisadas com os pés.
Alguns dos Martins dedicavam-se à apicultura. Tinham vários cortiços, uns cobertos com tampos de lousa, outros com toldos de madeira e instalados nas encostas protegidos pelos rochedos. A produção de mel destinava-se fundamentalmente ao consumo doméstico. Quando havia incêndios, o ano era mau visto as abelhas se verem provadas da sua fonte de alimentação: flor do eucalipto, da do tojo e do castanheiro.